quinta-feira, 28 de abril de 2011

Belém-Pará-Brasil: Futuro ou desengano?

          "Vão destruir o ver-o-peso, pra construir um shopping Center/ vão derrubar o palacete pinho, pra construir um condomínio/ coitada da cidade velha, que foi vendida pra Hollywood, pra ser usada como um albergue, no novo filme do Spielberg/ quem quiser venha ver, mas só um de cada vez..." (Edmar Rocha). É esse o retrato, de nossa cidade, que teima em se permanecer atual. A relevância na letra da música, do grupo paraense Mosaico de Ravena, não perde a pertinência. Entra e sai governo, mas os problemas se mantêm os mesmos. Os últimos noticiários televisivos, impressos e etc., em todo o estado mostram o quanto estamos longe de uma maturidade política e do exercício da cidadania.
          Belém, que é uma cidade acolhedora, cheia de pessoas diferentes por fora, mas com uma alma carregada de peculiaridades. Permite-nos, facilmente, enxergar os valores intrínsecos que os nativos da região carregam dentro de si. O "égua", o "pai-dégua" e o gingado do carimbó acrescentam adjetivos nas características desse povo. Apesar de tudo que é belo nesta nação, existe, também, seus problemas, suas limitações e suas conseqüências com suas escolhas equivocadas. Assim como no resto do Brasil, Belém e o estado do Pará inteiro sofrem com as escolhas para a administração pública. Os gestores, representantes dos que os elegeram, brincam com o erário do estado, dos cidadãos deste lugar! O pior de tudo isso é que ainda assim, se qualquer um se der ao trabalho em fazer uma pequena pesquisa particular, ficará constatado que os candidatos eleitos ainda serão aqueles que participam direta ou indiretamente de tudo o que acontece de ruim no estado, na cidade, ou nas cidades. Porque não é só em Belém que existe esse tipo de problema. Mas tudo isso só acontece porque tem muita gente que só faz reclamar, só sabe dizer que político não presta, mas que não faz nada, de verdade, para mudar a situação. São pessoas que continuam votando nos mesmos candidatos, são pessoas que continuam anulando seus votos, ou deixando-os em branco, esquecendo-se que isso só contribui para o sucesso desses maus políticos que ganham votos da população de néscios que se iludem com promessas populistas.
          O caso recentemente vinculado nas emissoras regionais e até nacionais sobre o ex-deputado Robgol, que foi eleito com os votos da torcida do time que ele atuava. Respondam-me, por favor, explicando onde existe inteligência votando nisso? Os vários escândalos sobre a gestão do atual prefeito de Belém, o senhor Duciomar Costa; que é mais um prato cheio para as páginas policiais de qualquer jornal, esses casos são motivos de reflexão sobre o porquê de, ainda assim, as pessoas ainda votar neles e existir pessoas que os apóiam. Afinal, como que se ouve tanta reclamação sobre políticos, mas quando aparece a oportunidade para mudar, as pessoas acabam elegendo, ou melhor, reelegendo os mesmos carreiristas? Será possível que existe uma "força maior", sinistra, que é capaz de induzir as vontades coletivas? Será que essas pessoas acreditam tanto assim na mudança desses verdadeiros agentes do mal? O que se pode fazer para, que as pessoas que ainda se deixam enganar, encontrem a coragem e o conhecimento necessários para que eles consigam se libertar deste atraso de pensamento nas vidas de cada um deles? Rezar a Deus? Acredito que não adianta muito, não. Os professores, coitados, fazem o que podem, mas nem eles podem fazer muito, pois já ouvi muita bobagem saindo da boca de alguns poucos, mas que são responsáveis por disseminar um pensamento tido como verdadeiro na cabeça de seus alunos. Então é complicado acreditar, é difícil permanecer acreditando, mas é numa hora como essa que fica claro o nosso comprometimento quanto cidadão. Fica claro que se deixarmos nos derrotar por conta disso acaba de vez qualquer chance em mudar.
          Não quero vir aqui e citar ou inumar as problemáticas do que acontece nos interiores do estado, porque sem as provas necessárias é capaz de eu mesmo ir parar atrás das grades. Mas se tudo isso que as televisões mostraram for apenas a ponta de um gigantesco "iceberg" do que acontece na principal cidade do estado, imaginem o que acontece onde a grande imprensa não tem acesso; ou fingem não ter? Verdade que até mesmo preferem não mostrar, por razões variadas. Razões refutáveis? Outra verdade é que a falta de instrução da massa só fortalece o processo de revitalização dessa corja que é a responsável pelas mazelas sociais que conhecemos e continuamos sofrendo suas conseqüências. Não é só a violência dos assaltos, é a violência, o atentado contra os nossos direitos mais básicos. Educação e Saúde que sempre aparecem nos discursos, mas esquecidos quando esses agentes assumem os governos. Muito menos levantar bandeira para partido A ou B, se bem que à nível de Brasil o alfabeto inteiro ainda vai acabar sendo pouco qualquer dia.
          Mas não adianta apenas mudar de candidato, é preciso que essa gente acorde para aquilo que não se lê em jornais de grande circulação, é preciso que todos saibam que além de mudar o candidato é preciso mudar o partido, todos os aliados desses malfeitores. Esse é, pelo menos, o primeiro passo para uma verdadeira mudança. Será tão difícil compreender isso? Acredito que não, a falta de instrução pouco tem a ver com a falta de inteligência. Pelo menos é nisso que acredito e quero continuar acreditando.
          Sociólogos, cientistas-políticos, historiadores, professores e todos os profissionais que se preocupam com os rumos que o cenário político atual de nossa região pode nos levar; estudantes secundaristas, universitários, estes últimos principalmente, sinto que existe, de fato, um enfraquecimento dos movimentos sociais. Isso, para quem não se importa, não faz diferença. Mas para quem se importa, percebe que quem ganha com isso são os mesmos que estão por ai desviando o dinheiro público, fazendo lobe, aproveitando-se da condição de parlamentar para lucrar das mais variadas formas. Não é possível evoluir sem o comprometimento das pessoas que formam uma determinada sociedade. Exercer a cidadania é isso. É se comprometer e para isso não é preciso quebrar nada, basta aprender a votar. Basta se livrar do preconceito e tirar as vendas para conhecer os outros discursos. Podemos errar sim, é possível, mas não podem nos acusar de não tentar.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Concurso público para provimento de vaga para servidor público na Biblioteca Central da UFPA.

          A Biblioteca Central da Universidade Federal do Pará precisa, com urgência, de servidores. O fato pode ser, facilmente, constatado quando adentramos à Biblioteca da Universidade. No setor de periódicos, por exemplo, setor ao qual eu fazia parte, existe uma carência , muito grande, de funcionários. Há, no setor, seis Bibliotecárias, um servidor e, havia, um bolsista (estagiário) até a presente data. O problema é que o acervo da Biblioteca, que é o maior da região Norte do país, encontra-se esquecido, abandonado. As bibliotecárias correm contra o tempo para colocar em ordem o acervo, mas são tantos serviços que todos ficam sobrecarregados.
          Parece que existe uma falta de compromisso por parte da Universidade para com a sua Biblioteca, Biblioteca essa que serve como referência para todas as outras da região. Mas ainda assim, a falta de compromisso, a omissão e a cultura do servidor público desleixado levaram nosso patrimônio ao estado em que se encontra. Contrata-se estagiário para suprir a necessidade de servidores, levando esses aspirantes à completa desilusão com o futuro profissional.
          O que se pode fazer para mudar essa realidade? Uma medida simples resolveria esse problema. O serviço de comutação bibliográfica, oferecido pela instituição, poderia ser usado para investimentos dentro da própria Biblioteca. Difícil é acreditar que não existe capital suficiente para investir em melhorias, reais, aos serviços desse erário.
          Outra questão que é de muito pesar é ver a postura de profissionais da área de Biblioteconomia que, ao invés de combater a prática de desvalorização da categoria, são omissos ao aceitar a exploração do estagiário, situação que desvia a função da bolsa, que seria um aprendizado dentro da área, torna-se um mecanismo para suprir uma necessidade de contratação de mais servidores públicos para dar andamento aos serviços da Biblioteca.
          A Biblioteca é um organismo em crescimento, é o que diz uma das cinco leis da Biblioteconomia, Ranganatham se revoltaria se visse o que acontece aqui e provavelmente nas outras Bibliotecas Universitárias do Brasil. O único crescimento que existe é de um câncer que teima em aparecer no erário brasileiro. Precisamos rever os conceitos que nos atrasam quanto nação e quanto pessoas, pois nossos atos tem consequências maiores que os olhos podem enxergar no primeiro momento. A Faculdade de Biblioteconomia da Universidade Federal do Pará tem a responsabilidade de formar profissionais engajados em mudar a cara da categoria, um ótimo começo para tal feito pode ser iniciado agora, iniciar o que já era para ter sido feito há tempos, mas como diz o ditado popular: "nunca é tarde para começar".