sábado, 2 de julho de 2011

Os trabalhos acadêmicos no Brasil: como difundir uma ideia para contribuir com o desenvolvimento da nação?

Allan Campos da Rocha[1].

O compromisso com a verdade é um discurso comum entre todos os profissionais da área de Informação e pesquisadores. Mas ainda é visível que encontramos muitas informações sem procedência e até mesmo equivocadas nos trabalhos acadêmicos e entre as vastas ferramentas de recuperação da Informação. O Google, ferramenta mais utilizada entre as que temos acesso, tem seu valor e é imprescindível para auxiliar em qualquer que seja sua necessidade. Porém, no meio acadêmico, sabe-se que existem bases de dados onde é possível encontrar informações mais seguras, mais confiáveis e utilizadas por pesquisadores sérios e respeitados. Entretanto, os acadêmicos em iniciação científica ainda desconhecem essas bases e ficam reféns de ferramentas como Wikipédia, Yahoo responde e etc.
O acesso à Informação Científica enfrenta alguns problemas, ainda muito discutidos e que precisam ser melhor trabalhados para se chegar a um denominador, porque parece existir certa relutância, entre os pesquisadores, em disseminar as reflexões, descobertas, comprovações e resultados das pesquisas. Principalmente daqueles que concluíram seus cursos e faculdades. É possível constatar, com um exemplo bem simples, que a digitalização dos TCC’s, dissertações, teses e outros trabalhos afins, por Bibliotecas Digitais facilitam e proporcionam uma pesquisa acadêmica de melhor qualidade. Sem contar que evitam um problema muito comum, provavelmente enfrentado por acadêmicos das universidades de todo o País, que é a perda desses trabalhos pelas Bibliotecas das universidades. Principalmente aqueles trabalhos mais antigos, mas os recentes também não estão isentos desses sinistros, por conta de extravios, má conservação e etc. problemas muito comuns enfrentados pelas Bibliotecas.
Uma questão de contribuição acadêmica e responsabilidade social, entre outras que estão intrínsecas, o fato de permitir a digitalização para disseminação gratuita é pertinente e fundamental para nossa comunidade. Tristemente, é possível perceber que nem todos seguem esta linha de raciocínio que viabilizaria o acesso aos textos. Entre as várias razões possíveis, o individualismo parece imperar sobre a problemática. Citando apenas como exemplo, as revistas da área de direito e saúde são as que mais dificultam o acesso aos seus conteúdos (gratuitamente). Tudo bem que elas têm direito de escolher o que fazem com seus conteúdos e é de se entender, já que vivemos numa sociedade capitalista. Pois então vamos aos pesquisadores. Se fosse possível colocar em pratica uma conduta ética e de responsabilidade social, onde a questão mais importante para todos fosse a simples contribuição para o desenvolvimento da comunidade ou da sociedade, e não a pretensão em obter lucro sobre as reflexões e descobertas científicas, teoricamente o resultado desse processo seria o melhoramento de nossa sociedade como um todo. Os exemplos citados são apenas para figurar uma situação, até porque é possível encontrar muitos textos sobre a área de saúde, mas a área de direito é visivelmente mais restrita.
As experiências de cada indivíduo são os agentes catalisadores responsáveis pela formação do caráter destes. Somadas a elas, são as experiências acadêmicas que definem o profissional. Nosso país carece de produção científica. Uma prova disso são os resultados que podemos encontrar expostos na coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior, a CAPES. Quando entramos na página da CAPES, quando acessamos o portal, quando procuramos conhecer o ranking dos melhores periódicos, fica claro que o Brasil ainda deve muito para ser um país mais respeitado em âmbito científico. A WebQualis é onde podemos conhecer os periódicos científicos mais bem conceituados, e infelizmente são poucos os periódicos brasileiros com conceito A1, conceito máximo para um periódico. Este quadro mostra-nos o quanto precisamos melhorar. Apresenta também uma problemática que se encontra intrínseca que é a baixa produção cientifica de nosso país. Obviamente que só a disponibilização dos trabalhos dos pesquisadores não vai resolver este problema, mas é uma ajuda que pode proporcionar um incentivo maior para os futuros mentores da produção acadêmica deste País. Conhecer o estado da arte é fundamental para desenvolver uma pesquisa de qualidade. O ineditismo também é importante, mas é preciso refletir sobre o que já conhecemos para, de repente, aprimorar ainda mais o que já nos é de domínio.
Além dos trabalhos acadêmicos, os artigos científicos também são de grande importância para o desenvolvimento. Existem muitas revistas bem conceituadas que disponibilizam seus conteúdos na web, não existe razão para não o fazer. Assim pode-se encontrar um maior numero de citações dos pesquisadores brasileiros. Outra atitude que pode contribuir para isso é a produção de artigos em outras línguas, como o Inglês por exemplo.
Portanto, para conseguirmos desenvolver o Brasil cientificamente e seus centros de pesquisa, é imprescindível contar com a contribuição dos discentes dos mestrados brasileiros, discentes dos doutorados e demais pesquisadores para proporcionar o desenvolvimento da produção científica do Brasil. Facilitando o acesso aos seus textos, sejam de dissertações, teses ou artigos. O importante é encaminhar, direcionar os novos pesquisadores para um caminho mais assertivo na pesquisa cientifica.

[1] Acadêmico do 2º período da Faculdade de Biblioteconomia da UFPA. Estagiário da Biblioteca do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza. Estagiário da Biblioteca do Instituto de Ciências Jurídicas da universidade da Amazônia (UNAMA).

Um comentário:

  1. REFERÊNCIAS

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